Chip federal deixará licenciamento mais caro a partir do próximo ano
Proprietários de carros, motos, caminhões ou ônibus terão mais uma taxa para pagar. Até junho de 2014, todos os veículos serão obrigados a receber um chip de identificação, e o valor do acessório será repassado ao proprietário, informa o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
O preço do equipamento ainda não foi divulgado oficialmente e poderá variar conforme a região. A intenção é que ele seja cobrado junto com o licenciamento, já a partir do próximo ano.
Estudos feitos pelo Denatran apontam que o chip custará cerca de R$ 5. Procurado, o Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito) diz não ter como definir o preço agora, pois ainda avalia as questões técnicas sobre a implantação do sistema.
A Artesp (agência reguladora de transportes de SP), no entanto, realizou um pregão em abril para a compra de transmissores com a mesma tecnologia. A iniciativa não foi adiante, pois as empresas participantes não aceitaram o valor de referência do edital, de R$ 15 por chip. O menor valor oferecido foi de R$ 18 a unidade.
DEDO-DURO
Denominado Siniav (Sistema Nacional de identificação Automática de Veículos), o chip federal é semelhante ao tag do Sem Parar e executará outras funções além da opção de pagamento eletrônico de pedágio. Sua principal missão será ajudar na gestão do tráfego e na identificação de veículos que circulam em situação irregular, com queixa de roubo, por exemplo.
As informações armazenadas no transmissor -placa, multas, taxas e vistorias pendentes- serão captadas por antenas instaladas em vias estratégicas e transmitidas para centrais de processamento de dados. Assim, o fiscal pode ser imediatamente alertado e abordar o motorista do carro irregular.
O sistema também emitirá um alerta quando passar algum automóvel sem o chip. A frota brasileira é estimada em 70 milhões de veículos.
Habilitado, novo sistema funciona como o Sem Parar
Com radiofrequência exclusiva, o chip que o Denatran vai começar a instalar nos veículos tende a tomar o lugar do tag do Sem Parar no para-brisas dos automóveis, mas precisará ser habilitado para realizar a função de pagamento eletrônico de pedágios e de estacionamentos.
A operação do serviço, no entanto, continuará com a STP, grupo que hoje administra o Sem Parar e o Via Fácil. O chip federal ainda permitirá a cobrança do pedágio por quilômetro rodado -o Ponto a Ponto-, cujo projeto está sendo implantado no trecho que liga Jundiaí a Itatiba.
Por meio de nota, a STP diz que "tem capacidade técnica e tecnológica para suportar alterações no modelo de cobrança existente nas rodovias brasileiras". O sistema tem 3,5 milhões de usuários. O tag do Sem Parar custa atualmente cerca de R$ 67, mais R$ 12 de mensalidade.
ECONOMIA
De acordo com Ricardo Dilser, piloto e assessor técnico da Fiat, um carro médio gasta aproximadamente 300 ml a mais de etanol para reduzir a velocidade até parar na praça de pedágio -para que o motorista realize o pagamento- e depois retomar o ritmo de cruzeiro.
"Diminuindo a velocidade a 40 km/h [máxima permitida para abrir a cancela automática], sem parar, o gasto extra de combustível cai para cerca de 50 ml", compara o especialista da Fiat.
Siniav facilitaria adoção do pedágio urbano
Para Creso de Franco Peixoto, especialista em transporte e professor de engenharia da FEI (Fundação Educacional Inaciana), a implantação do sistema de placa eletrônica facilitaria a adoção do pedágio urbano na capital.
A cobrança, que visa restringir a circulação de veículos em grandes centros, já foi adotada em metrópoles como Londres e Santiago. Em São Paulo, poderia substituir o rodízio municipal de carros.
No final do mês passado, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara Municipal de São Paulo deu parecer favorável ao projeto de lei que autoriza a criação do pedágio urbano na cidade.
O projeto, de autoria do vereador Carlos Apolinário (DEM), porém, ainda precisa ser analisado pelas comissões de Transportes e de Finanças e passar pelo aval do prefeito.
O prefeito Gilberto Kassab (PSD), que já está no fim de seu segundo mandato, diz ser contrário à ideia. Mas há candidatos que defendem a implantação da cobrança. É o caso da ex-vereadora Soninha Francine (PPS).
"Vai chegar um momento em que a própria população vai pedir a cobrança, pois o pedágio urbano sai mais barato do que os congestionamentos. Esse sistema é menos restritivo que o rodízio, e a taxa diária poderia ser compatível ao preço de uma passagem de ônibus [R$ 3]."
Em Londres, circular de carro pelo centro custa o equivalente a R$ 30.
FELIPE NÓBREGA
DE SÃO PAULO
https://www.aasp.org.br/aasp/imprensa/clipping/cli_noticia.asp?idnot=12062